A quente tarde de 13 de Junho repousava da folia da Festa de Lisboa, que no dia anterior havia animado toda a cidade, prolongando-se pela extensa madrugada. Allan e Sandy Ropper iniciavam um passeio, que percorreria toda a História da Lisboa Sefardita, as ruas, as memórias e a cultura que ainda hoje vive nas tradições dos Lisboetas. A primeira paragem foi na Sinagoga Ohel Jacob. E ao subir os degraus até ao segundo andar, de um prédio antigo da Lisboa periférica, a expectativa limitava-se à visita de apenas mais uma pequena Sinagoga, entre as sobreviventes da velha Europa.

O que descobriram foi um espaço vivo, repleto de História, imerso na responsabilidade de reforçar o Judaísmo no Portugal contemporâneo. Encontraram uma Comunidade com projectos claros de reabilitação da memória e do espólio, mas, sobretudo, uma Comunidade com uma enorme vontade de continuar a crescer e a acolher todos os Judeus que se identificam com o Judaísmo Progressista no nosso país.

Durante a visita, tivemos o prazer de lhes mostrar o espaço, de falar das nossas estórias individuais, de séculos de cripto-judaísmo, de partilhar as experiências vividas de uma Comunidade em renovação. No decorrer da conversa mostrámos as nossas Torot e falámos da necessidade que tínhamos de reabilitá-las, de as tratar com a dignidade que lhes é merecida. O contacto foi breve, mas Allan e Sandy Ropper deixaram um pouco deles connosco e levaram com eles um pouco de nós, também.