A Bíblia de Cervera
O apontamento que se encontra escrito e anotado na última página desta fabulosa obra traduz tudo quanto se possa dizer sobre a Bíblia de Cervera, ao ser considerada um monumento de arte.
“É um monumento de arte, e um documento notável de paleographia hebraica, introdução, texto; e termina com tratado gramatical. É annotado com caracteres minusculos dispostos em figuras caprichosas. Foi iluminado por Josef Asarfati, francez, em Cervera. Sobre a familia judaica Çarfati ou Asarfati de origem franceza e imigrada em Castella, veja HistLitt, de la France, t. 31. Um cod. da Bibl. Nac. de Paris (Etimologias de Isidoro de Sevilha, feito em Espanha) iluminada em estilo egual, e classificado como de arte moçarabe.”
É uma das bíblias sefarditas mais antigas e importantes que se tem conhecimento, e que sobreviveram à destruição das comunidades judaicas existentes nos reinos de Aragão e Castela. Contém manuscritos sefarditas medievais magnificamente iluminados. O texto bíblico é copiado por Samuel ben Abraham ibn Nathan e Josué ben Abraham ibn Gaon para a «massorah»; iluminado por Joseph Asarfati.
A obra foi iniciada a 30 de Julho de 1299 e terminada a 19 de Maio de 1300, na localidade de Cervera, província de Lérida, na Catalunha.
No início do século XIX encontrava-se nos Países Baixos, onde foi adquirido por António Ribeiro dos Santos (1745-1818), Bibliotecário-Mor da Real Biblioteca Pública da Corte (criada em 1796, actualmente Biblioteca Nacional de Portugal), no ano de 1804, em Haia, pela quantia de 240.000 reais.
Em 1476 vai servir de inspiração para a feitura da Bíblia de Kennicott (Oxford: Boldeian Library). Já esteve no Metropolitan Museum of Art, inserida na exposição “Medieval Jewish Art in Context“, de Novembro de 2011 a Janeiro de 2012.