IAMIM NORAIM 5778 NA OHEL JACOB… uma experiência transcendente
Conheci a Ohel quase às vésperas de Rosh Hashaná, quando buscava uma sinagoga em Portugal para as Grandes Festas. Uma amiga querida – a Soferet Rachel Reichhardt – me colocou em contato com pessoas muito especiais, que vieram fazer parte de dias incríveis e ficaram marcadas no meu coração.
Na busca de uma sinagoga que tivesse uma linguagem na qual me sentisse confortável e pertinente, conheci a Ohel Jacob. Logo no primeiro contato, aquele espaço pequeno e simples me causou uma emoção imensa, me remetendo à casa de meus avós paternos e me enchendo de lembranças. Mas foi no momento em que o Aron Hakodesh foi aberto, que meu coração transbordou em lágrimas ao ver as Torot antigas, ali guardadas e tão bem cuidadas, e quase ouvir seus sussurros, contando suas histórias.
Dali em diante, participamos dos serviços de Rosh Hashaná muito tocantes, interativos e de profunda reverência. Toda a mescla de minhaguim ali praticada, me remeteram a uma forma viva e vibrante de praticar o Judaísmo, com limites sempre respeitados e um olhar atento para o futuro. Conforme nos ensinou Rav Avraham Kook, “o antigo deve ser renovado e o novo deve ser santificado”. Também dentro de mim, senti uma mescla de emoções e do tempo se misturando. Cantar alto num serviço alegre, e me perceber num apartamento no terceiro andar, me remeteu a outras épocas de proibições e perseguições, quando não podíamos sequer cantar deste jeito… e aí mesmo que cantava com mais kavaná!
A leitura da Torá – realizada pela Baalat Korá Rachel Yeshurun – foi um capítulo à parte: uma leitura cuidadosa, preparada e emocionada, em total sintonia com o texto, com o momento e com as pessoas ali presentes. Sou Morá de Torá e foi impressionante perceber a vida que Rachel dava ao conteúdo do texto, transmitindo de forma delicada, porém firme, a mensagem ali contida.
Além disso, a colaboração de meu marido – o Chazan David Alhadeff – nos serviços, me fez sentir mais em casa ainda. Todos interagiam como se sempre tivéssemos frequentado a comunidade e puderam saborear um Chazan experiente e comovido com uma nova e inédita vivência.
Outro ponto extremamente emocionante se deu no início do serviço de erev Rosh Hashaná, quando David começou a entoar Hine matov umanaim e, aos poucos, os congregantes do kahal, e os visitantes de vários países cantaram juntos, reforçando o que diz a letra e fazendo daquele momento um sentimento inesquecível.
E o que dizer do almoço depois do Shacharit, quando parecíamos uma família? De lá seguimos juntos, conversando e nos aproximando, até o Tashlich num lago numa praça no centro de Lisboa. Muitas emoções em tão pouco tempo!!
Agradeço à Adriana, Ana, Raquel, Danilo, Fernanda e Paula que nos proporcionaram dias tão intensos e transformadores.
Que 5778 nos traga essa energia de renovar o antigo e santificar o novo, em nossas vidas e no Judaísmo!
Shaná Tová ve Todá Rabá!!
Regina